Pequenos produtores rurais de Mato Grosso enfrentam uma das maiores dificuldades dos últimos anos: o acesso restrito ao crédito agrícola. Com juros elevados, demora na liberação de recursos e burocracia nos bancos, milhares de famílias do campo estão à beira de comprometer a próxima safra, especialmente nos segmentos de hortifrúti, leite, milho e mandioca. A situação é mais crítica em regiões como Nortelândia, Diamantino, Cáceres e municípios ao norte da BR-163.
Segundo dados do setor, muitos produtores não conseguiram fechar financiamento do Plano Safra 2024/25 e estão cultivando abaixo da capacidade ideal. Em alguns casos, agricultores que antes produziam em cinco ou seis hectares reduziram para dois ou três, apenas para manter parte da produção viva. Representantes de associações locais afirmam que o problema está mais grave entre assentados e agricultores familiares, que dependem quase exclusivamente do Pronaf.
A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) já formalizou ofício ao Governo Federal pedindo a ampliação imediata de linhas de crédito com juros mais baixos e carência prolongada. Em resposta, o Ministério da Agricultura confirmou a reavaliação do orçamento do Plano Safra, especialmente após o aumento da inadimplência no setor. No estado, o Desenvolve MT também anunciou que vai criar uma linha emergencial voltada a produtores com até 20 hectares, com valores de até R$ 80 mil e taxa subsidiada.
O deputado federal Emanuelzinho (MDB-MT) declarou nesta semana, em Brasília, que está articulando com o governo Lula o envio de recursos federais para fortalecer o pequeno produtor do estado. “O agro precisa de força em todos os níveis. Não adianta termos superávit nas exportações e o agricultor familiar estar quebrando por falta de crédito”, afirmou.
Técnicos da Empaer alertam que, sem essa resposta emergencial, Mato Grosso pode ter queda real de produção nos próximos ciclos, afetando a segurança alimentar local e o abastecimento das feiras regionais. Com a alta nos insumos, o pequeno produtor já trabalha no limite — sem crédito, ele não consegue sequer plantar.
Nos bastidores, o setor produtivo teme que os reflexos apareçam já a partir de setembro, quando começam as atividades preparatórias da nova safra. A esperança é que, com articulação política e rapidez na liberação dos recursos, o estado evite uma retração generalizada nas pequenas propriedades que sustentam boa parte da economia rural do interior mato-grossense.
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